quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

ENTREVISTA COM LIDERANÇA DO PDS ESCLARECE CONFLITO NO ANAPU


Portal do PSTU: Você se encontra na área do PDS Esperança há quanto tempo?
Liderança: Estou há sete anos. Ajudei, inclusive, a abrir picada na mata. Planto cacau em consórcio com árvores nativas, como o mogno. A luta da Irmã Dorothy foi importante para a criação do PDS Esperança. Por conta disso foi assassinada. O que mudou desde então?
Apenas um dos mandantes do assassinato está preso. Apesar disso, mudou muita coisa porque o pessoal que apoiava a Dorothy hoje está no governo (na prefeitura e no então governo estadual do PT, desde 1º de janeiro substituído pelo PSDB). Essas pessoas agora são contra a nossa luta. A situação está difícil. Aliás, nunca foi fácil. Hoje contamos com apoio só da CPT.
O Sindicato dos trabalhadores rurais está trabalhando junto com fazendeiros. Por isso, fundamos um novo sindicato, o Sindicato de Trabalhadores Rurais da Agricultura Familiar de Anapu.
O prefeito do município, Chiquinho do PT, andava com a Irmã e foi eleito a partir da luta dela e da repercussão de seu assassinato. Para se eleger, formou uma coligação onde o vice-prefeito é Délio Fernandes, um madeireiro que a Irmã denunciava como uma das pessoas que tramavam seu assassinato.
Como eles têm agido?
Havia um funcionário do Ibama que nos apoiava e enfrentava os madeireiros. O prefeito foi até a governadora Ana Júlia (PT) e juntos conseguiram sua transferência para Marabá. No final de seu mandato a governadora conseguiu nomear o prefeito presidente do consórcio que vai acompanhar a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.
O padre Amaro é umas das pessoas que têm se colocado ao nosso lado. Ele também está ameaçado de morte. Chiquinho do PT diz publicamente que “tem pessoa que não quer o desenvolvimento da cidade e se esconde atrás da batina e da bíblia”.
Há uma associação no PDS Esperança que brigava contra a entrada de madeireiros. O presidente do sindicato dos trabalhadores rurais da região conseguiu tirar a diretoria, colocando outras pessoas no lugar e fez um acordo com os madeireiros para extrair madeira de lá. Mesmo não sendo mais presidente, ele permanece na diretoria do sindicato e é vereador e presidente da Câmara Municipal.
E os madeireiros, o que têm feito?
Continuam a retirar madeira do PDS. Uma parte dos colonos vende madeira para eles. Outros resistem. Meu vizinho não queria vender. Aí eles ameaçaram e ele saiu da casa. Fez denúncia no sindicato, que não fez nada. Os madeireiros entraram no seu lote e retiraram toda a madeira de valor. Eles dizem que não adianta denunciar porque pagam R$ 30 mil para o Ibama e resolvem tudo.
Então foram esses fatos todos que levaram vocês a fundar outro sindicato? Por que não procuraram a CUT?
O sindicato que já existia está do lado dos madeireiros. Se ficássemos na CUT e Contag teríamos que seguir a cartilha deles e isso não queremos. Por isso, viajamos dois dias para conhecer a Conlutas.

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