Os cerca de três mil funcionários envolvidos nas obras da Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, tiveram que voltar para suas casas, na manhã desta quinta-feira (27). Eles foram impedidos de acessar o local de trabalho por cerca de 200 indígenas de várias etnias, que não aceitam a implantação do projeto da hidrelétrica na região. O protesto dos índios tem apoio de movimentos sociais e, de acordo com os líderes, todos estão prontos para a guerra. Se for necessário, mais índios irão desembarcar nas próximas horas para reforçar o protesto.
A rodovia Transamazônica foi bloqueada para o tráfego nas proximidades do canteiro de obras. Os índios ameaçam atear fogo nos veículos e maquinários da Norte Energia (empresa construtora da usina), caso o governo não aceite as exigências dos povos ribeirinhos e demais atingidos pelos impactos previstos pelo empreendimento.
Uma fila com cerca de dois quilômetros já está formada na rodovia Transamazônica. Caminhões com cargas perecíveis e ônibus são os mais prejudicados. A Norte Energia ainda não se pronunciou sobre o movimento e a possível invasão dos manifestantes.
Os manifestantes querem a presença de representantes do governo federal para uma conversa. Entre as solicitações, eles querem que os direitos de todos os atingidos pelos impactos da barragem sejam respeitados.
De acordo com o cacique caiapó Irê-ô, todos estão prontos para a luta. O maior problema enfrentado pelos indígenas é a falta de informação sobre o destino dos povos à margem do Xingu. “Se alguém da Norte Energia vier conversar com a gente e explicar pra nós sobre isso, será bom”.
Desde o início desta semana, movimentos organizam ato de repúdio a Belo Monte. A diretora da organização não-governamental Justiça Global, Andressa Caldas, disse que o governo desrespeita e deslegitima o sistema interamericano de Direitos Humanos, depois de a CIDH determinar em abril que o Estado brasileiro suspendesse as obras de Belo Monte.
(DOL, com informações de Odair Oliveira/Sucursal do Diário em Altamira)
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